terça-feira, 18 de agosto de 2009

A Virgem e o Garanhão

Sou bela, triste donzela, desamparada, esquecida, enlatada em vinho tinto, Alentejo, reserva especial, embrulharam-me nas farpas que semearam num jardim do Olimpo, juro que não minto, por todos fui traída, maldita macacada, que não soube se comportar com a verdadeira pop star da luminária intelectual. Só tenho uma saída, parto já para as Maldivas em retiro de samaritana arrependida, aproveito e canto a Internacional em bikini Dolce & Gabbana enquanto vou mergulhar no anil do mar, que de tão azul até me parecem cravos de Abril em versão pós-moderna a desbotar.


Ai santo Goudard, estou com falta de ar, tragam-me já o caviar! Não há mais? Que importa, uns tremoços com imperiais também me satisfaz, afinal se sou capaz de ir à luta pelo povo também bebo o seu sangue novo desde que a seguir entre num SPA e faça uma massagem ao pensamento.





Que portento, que mulher! Ai se ela quiser, dou-lhe tudo, dou-lhe o céu, dou-lhe a terra, até um castelo que não é meu, nem que para isso faça a guerra com certos otários que agora andam armados em proletários. Vem, Joana, para a minha cama, já estou em pijama a pensar em ti, loura e esbelta deitada toda nua à minha volta. Hum, já fui à lua e vim e ela não se lembra de mim. Que fazer? Tudo me cresce, ela não aparece e as listas estão a começar a encher.


Será que ela me quer? Será que vai ficar chateada? Não digo mais nada, não posso mais, espero por ela numa esquina assombrada, salto à sua frente e abro a gabardina, vá menina, é só escolher, deputada, presidente de uma ordem drogada, é tudo o que quiser. Olha, fugiu, que triste figura, se calhar, ao ver tamanho vigor, ficou com medo de não estar à altura.


Minha gente, meu Francisco, chama já o Ministro que tive uma proposta indecente. Até estou a tremer, vou já meter-me num avião, Maldivas acho que é bom, para tudo esquecer.

Quer vergonha, que despudor, uma cambada de vergonhosos tentaram comer a minha menina mais sagrada. Felizmente ela é donzela honrada, cheia de valor, que aos diamantes libidinosos disse nada. Faço-lhe já um andor. Viva la muchacha libre!

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